Os papais e as mamães já devem ter percebido que a cada consulta
o pediatra anota o peso e a altura da criança para acompanhar o desenvolvimento
ao longo dos anos. Caso o peso do filho ou da filha esteja abaixo da média, o
médico solicitará uma série de exames para descobrir quais são as causas e
indicar o tratamento mais adequado, sempre levando em consideração os hábitos
alimentares da família.
Apesar de o número de crianças desnutridas ter caído,
segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),
que em 2014 retirou o Brasil do mapa da fome e apontou – através do relatório
“O Estado Alimentar no Mundo 2015” – que houve a diminuição de 82,1% do número
de pessoas subalimentadas entre 2002 e 2014, ainda há inúmeros casos de
crianças abaixo do peso no Brasil.
Dados divulgados pelo Sistema de Vigilância Alimentar (SISVAN),
do Ministério da Saúde, mostram que na região Nordeste ainda existem 41.250 mil
crianças entre 0 e 5 anos de idade em estado de magreza extrema, sendo que o
total (somando todas as regiões do Brasil) é de 87.604 mil crianças na mesma
faixa etária. Ou seja: o Nordeste possui 47% do total de crianças abaixo do
peso no país. [Confira os dados aqui]
O estado nutricional adequado da criança pressupõe, dentro
de outras questões, o atendimento das necessidades básicas, como moradia,
acesso à educação e aos serviços de saúde. A falta de uma dessas condições pode
colaborar para a desnutrição infantil. “Muitas mães não levam os filhos ao
pediatra porque acham que eles estão ‘bons’. Muitas mães só levam as crianças
ao médico quando elas estão doentes, então não medem e não pesam a criança”,
afirma a coordenadora da Pastoral da Criança na Arquidiocese de Salvador,
Adonai Vidal.
E a Pastoral da Criança é uma preciosa colaboradora no
combate à desnutrição, por meio da orientação dos pais e da multimistura – uma
espécie de farinha [saiba do que é feito abaixo]. “Nós temos uma tabela que
mostra a altura e o peso ideal para cada faixa etária. A criança que está na
linha correta, nós apenas orientamos as mães. Aquelas que estão abaixo do peso
precisam de um reforço na alimentação e aí nós entregamos a multimistura, mas
não basta apenas a multimistura porque ela é complementar e deve ser misturada
a outros alimentos”, esclarece Adonai.
Ao contrário do que muita gente pensa, a desnutrição pode
começar ainda na gestação, sendo caracterizada pelo baixo peso no nascimento.
Outras causas podem ser o desmame precoce, uma alimentação pobre em nutrientes
como minerais, proteínas e vitaminas, além da higiene precária e repetidas
infecções, como diarreias. “Às vezes nós acompanhamos crianças que ficam
quatro, seis meses com o mesmo peso. Então, essa criança precisa ir ao
pediatra; ela pode estar com verme, com anemia e somente o médico, através de
exames, é que vai poder dizer do que se trata”, orienta Adonai.
Multimistura:
salvando vidas
Para quem não sabe, a multimistura já salvou milhares de
vidas em todo o país. Fabricada por agentes da Pastoral da Criança, a farinha
conta com fubá, farelo (fibras) e sementes de abóbora, gergelim, girassol e o
pó da folha de aipim. As famílias que necessitam podem procurar a Pastoral da
Criança, localizada na Cúria Arquidiocesana (avenida Leovigildo Filgueiras, 270
– Garcia), de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. “Em alguns
locais, como o Bairro da Paz, a multimistura é feita mensalmente e as mães que
têm os filhos abaixo do peso já a recebem após a pesagem”, diz Adonai.
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