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Para Cledinalva, todo cuidado é pouco quando o assunto é leite Foto: arquivo pessoal |
Desde
que as gêmeas Maria Alice e Maria Adélia nasceram, a vida de Cledinalva Nunes
mudou completamente. O sonho de ser mãe veio acompanhado dos desafios que esta
missão exige e de muitos sustos. O primeiro deles foi o parto prematuro das
meninas, com sete meses de gestação. Já o segundo tinha como sinal choro
constante, diarreia e vômito. Ela nem podia imaginar que a causa era apenas
uma: intolerância à lactose.
“Relatamos à pediatra o fato e por
conta da insistência e constância com que íamos à emergência a mesma pediu que
suspendêssemos o leite e fizemos uso do leite de soja. Por
serem duas, elas já estavam fazendo ingestão de leite (nan pro) para
complementar a mama. Começamos então a usar um leite de soja holandês
mais ou menos aos 6 meses de idade, o que mudou totalmente os hábitos
fisiológicos delas e melhorou a saúde”, afirma Cledinalva.
Assim
como Maria Alice e Maria Adélia, inúmeras crianças sofrem com a incapacidade
que o corpo possui em digerir lactose, que é um tipo de açúcar encontrado no
leite e em outros produtos lácteos “Muitas pessoas confundem até hoje a
Intolerância à Lactose e Alergia à Proteína do Leite de Vaca. São
coisas totalmente diferentes. A Intolerância à Lactose ocorre quando o
organismo não produz ou produz de forma insuficiente uma enzima chamada
Lactase, que quebra e decompõe a lactose. Como consequência, essa
substância chega ao intestino inalterada. Ali, ela se acumula e é fermentada
por bactérias que fabricam ácido lático e gases, promovem maior retenção de
água e o aparecimento de diarreias e cólicas”, explica a nutricionista materno
infantil, Micheane Alves.
A deficiência
de lactase pode ser classificada de duas maneiras: primária e secundária. Na
primária, a criança já nasce com propensão a tê-la, como no caso das gêmeas; já
na secundária, a intolerância é adquirida ao longo da vida, em virtude de
problemas intestinais. “Os sintomas variam de acordo com a maior ou menor
quantidade de leite e derivados ingeridos. Pesquisas mostram que 70%
dos brasileiros apresentam algum grau de intolerância à lactose, que pode ser
leve, moderado ou grave, segundo o tipo de deficiência apresentada, e melhoram
com a interrupção do consumo de produtos lácteos. A intolerância à lactose
antes do primeiro ano de vida é rara. É mais comum nessa faixa etária a Alergia
à Proteína do Leite de Vaca”, aponta Micheane.
Atenção
constante
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O cuidado e a atenção de José Carlos e Cledinalva foram fundamentais para que a intolerância das meninas fosse identificada. Foto: arquivo pessoal |
Os olhares
atentos de Cledinalva e do marido José Carlos foram fundamentais para perceberem
que havia algo errado com as meninas. Preocupados, correram para a emergência
diversas vezes, além de consultas com a pediatra que pediu para que eles
suspendessem a ingestão de leite pelas crianças. “Ainda não fizemos o teste de
ingestão por o tipo de intolerância delas ser deficiência congênita, ou
seja, por um problema genético, a criança nasce sem condições de produzir
lactase (forma rara, crônica) e elas perderem muito peso com facilidade”,
conta Cledinalva.
E tudo
mudou. Hoje, oito anos após o diagnóstico, a rotina da família é diferente da
maioria. Além de ler todos os rótulos de alimentos, bem como manusear com muito
cuidado aqueles que contêm lactose, Cledinalva fica atenta aos lanches na
escola e até mesmo nas festinhas de aniversário que as meninas participam. “Em festas de aniversário temos o cuidado com a distribuição de
guloseimas, de bolos e de salgados, por exemplo. Se vamos almoçar ou jantar
fora sempre chamamos o garçom ou cozinheiro para perguntar como foi feito o
arroz, o macarrão. Quando vamos viajar sempre levamos o lanche separado. Para a
escola temos de enviar o lanche, inclusive em dias festivos. É uma vigilância
constante. E, tivemos de aprender a conviver, principalmente, com os que acham
que é ‘frescura’ e ‘bobagem' dentro e fora do círculo familiar”, diz.
Mas, o que
fazer?
Ao notar
que a criança chora constantemente, sente cólicas acompanhadas de diarreia e/ou
vômitos, é necessário procurar ajuda médica. O pediatra é fundamental nesse
processo, pois pode solicitar os exames específicos para o diagnóstico. É
importante ressaltar que os pais devem ficar atentos e não agir sem a orientação
de um profissional.
“Se não
for bem tratada, a intolerância à lactose pode ir se agravando! É necessário, assim
que for confirmado o diagnóstico na criança, procurar logo um profissional
nutricionista para começar o tratamento, pois é preciso mudar a alimentação”,
salienta Micheane.
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